Experiências

Música, Dedilhados e Educação Especial



Danielle Costa Cavalcante Silva  é  graduada em Administração (Bacharel) Faculdade Latino Americana(2007). Em 2017,  graduou-se em Pedagogia (Licenciatura) Faculdade de Educação Regional Serrana. Concluiu a especialização em Psicopedagogia Institucional e Clínica Faculdade Brasileira de Educação e Cultura, em 2019 e 2023 concluiu o curso de Graduação em Música (Licenciatura) Universidade de Brasília – UnB.

 


1. RELATO

O presente relato apresenta a minha experiência e interação com a música e seus reflexos na minha jornada acadêmica e profissional. Desde a minha infância, a música faz parte dos meus dias: meu pai é músico e, nas minhas memórias, eu me lembro de acordar pelas manhãs com o seu dedilhado ao violão. Eu tenho uma irmã gêmea e gostávamos de cantar, eu no soprano e ela no contralto. Nós tínhamos o privilégio de sermos acompanhadas por nosso pai ao violão, nos orientando e nos apresentando uma iniciação musical formativa, salientando a importância da afinação e de cadência na música. Por termos uma genética bem próxima, a harmonia de nossas vozes nos fez desenvolver uma sincronia e assim fui me envolvendo na música, participando em grupos na igreja tanto no louvor como em coro.

A minha primeira formação acadêmica foi em Administração com especialização em Marketing, quando tive a oportunidade de aplicar esses conhecimentos trabalhando na área administrativa em um banco. Após me casar, mudei meu domicilio para Porto Velho – RO e a música continuou fazendo parte do meu dia a dia na minha casa com meu marido, que também é músico, e na igreja que frequentávamos. Nesse período fui convidada a fazer parte do coral da empresa Guascor e também no coral do Ministério Público de Rondônia quando comecei a entrar na música de uma maneira mais aprofundada, principalmente, no canto coral popular. Participei de várias apresentações, de gravação de CDs, e em paralelo com o coral, gravei jingles comerciais publicitários. Aprendi muito com essas experiências e comecei a ter um olhar mais profissional para a área musical.

Depois de residir por cinco anos em Porto Velho, decidimos regressar a Anápolis. Retomei minha atuação na área administrativa e, posteriormente, submeti-me a um concurso na área educacional, obtendo êxito e iniciando uma nova fase profissional em uma instituição educacional onde prestava suporte em atividades destinadas a crianças com deficiência. Nesse momento, surgiu a necessidade de realizar outra graduação, quando cursei e me graduei em pedagogia. Após esse curso, fiz uma especialização em psicopedagogia institucional e clínica.

Em razão do bom desempenho apresentado na prática docente, em 2018, fui convidada a desenvolver um trabalho pedagógico musical no Centro de diversidade do município de Anápolis (CEMAD), onde são atendidas crianças com deficiências,transtornos e dificuldades de aprendizagem. Lá surgiu a oportunidade de fazer um projeto de educação musical na educação inclusiva. Logo após estar trabalhando nesse projeto, tive a oportunidade de realizar uma nova formação acadêmica no curso de música pela Universidade de Brasília – UNB, quando fui apresentada a uma formação específica e de qualidade que abriu novos horizontes sobre a música e sua pedagogia..

Na minha jornada de trabalho com crianças com deficiência, transtornos e dificuldade de aprendizagem, surgiu a possibilidade de colocar em prática os conceitos adquiridos, com metodologia e propósitos. Assim, o projeto na inclusão do público trabalhado foi um sucesso e, consequentemente, encontrei minha grande paixão: Educação Musical Especial e Inclusão.

A experiência vivenciada no CEMAD em Anápolis representa um verdadeiro marco na abordagem inclusiva da educação musical, onde cada nota, cada ritmo, transcende a mera melodia para se tornar uma ponte de conexão e desenvolvimento para crianças com deficiências, transtornos e dificuldades de aprendizagem. Como professora de educação musical, mergulhei em um universo desafiador e enriquecedor, onde a música não apenas ecoa nos corações, mas também molda mentes, desbrava limitações e revela potenciais antes inexplorados.

O trabalho desenvolvido no CEMAD vai além do simples ensino de notas e compassos. É uma jornada que busca desvendar os segredos da música enquanto desvenda os véus que encobrem as habilidades das crianças. Cada atendimento não se limita a uma aula, mas é uma experiência de descoberta mútua, onde eu aprendo tanto quanto ensino.

As características desse trabalho refletem uma abordagem holística da educação musical, que não apenas ensina a conhecer a música, mas também promove o desenvolvimento de habilidades fundamentais. Desde a concentração e atenção até a coordenação motora fina, cada acorde, cada movimento, é uma oportunidade para as crianças explorarem seus próprios limites e, muitas vezes, descobrirem que esses limites podem ser transcendidos.

A música serve como um elo universal, uma linguagem que vai além das barreiras sensoriais e cognitivas. Para as crianças cegas, ela é uma pintura de sons, uma paisagem de emoções que se desdobra em sua mente. Para as crianças surdas, é uma vibração que transcende o silêncio, uma pulsação que se sente no âmago. Para as crianças autistas, é uma ordem no caos, uma sequência que traz sentido ao mundo. E para todas as outras crianças, é um convite para se expressarem, se conectarem e se desenvolverem.

A música não apenas ensina, mas cura. Ela é uma terapia que penetra nas profundezas da alma, acalma as tempestades interiores e abre janelas para a esperança. No CEMAD, testemunhei os sorrisos que surgem timidamente, os olhos que brilham com cada nova conquista e os corações que se enchem de alegria ao descobrir sua própria voz, sua própria melodia.

Nesse contexto, a educação musical se torna mais do que uma disciplina; é uma ferramenta de empoderamento, um instrumento de transformação. É um lembrete de que cada criança, independentemente de suas limitações, é uma sinfonia única, uma obra-prima em constante evolução. Nas minhas aulas, a música não é apenas ensinada, é vivida. Ela ressoa nas paredes, ecoa nos corredores e se infiltra nos corações de todos os envolvidos. E enquanto conduzo essas crianças em sua jornada musical, percebo que, na verdade, somos todos aprendizes nesse concerto da vida, onde cada nota, cada acorde, nos lembra da beleza da diversidade e do poder transformador da música.

As características desse trabalho refletem uma abordagem holística da educação musical, que não apenas ensina a conhecer a música, mas também promove o desenvolvimento de habilidades fundamentais. Desde a concentração e atenção até a coordenação motora fina, cada acorde, cada movimento, é uma oportunidade para as crianças explorarem seus próprios limites e, muitas vezes, descobrirem que esses limites podem ser transcendidos.

Danielle Costa Cavalcante Silva

2. GALERIA E REGISTRO ICONOGRÁFICO

Aula: As notas musicais – As notas musicais são a base da linguagem da música, permitindo a comunicação de sons e melodias. (nas fotos 1, 2 e 3, estão alunos encaixando as notas através dos bonequinhos de encaixe. Cada boneco tem uma nota musical.*

Nas fotos 4 e 5, os alunos estão tocando uma música através de uma partitura não convencional. Cada nota possui uma cor, tanto na partitura como nas teclas do teclado.

Nas fotos 6 e 7, os alunos estão praticando a leitura rítmica, envolvendo atividades práticas para compreender os padrões temporais da música.

Nas fotos, 8, 9, 10 e 11 os alunos estão aprendendo com os sinos musicais, utilizando esses instrumentos para compreender conceitos musicais, praticar harmonias e desenvolver habilidades auditivas e de coordenação.

Na foto 12, o aluno está aprendendo o conceito de som longo e curto através de massinha de modelar. Moldaram a massinha em diferentes formas e tamanhos para representar visualmente a duração dos sons na música. Essa abordagem tátil e visual ajuda os alunos a entenderem de forma mais concreta e sensorial as diferenças entre sons longos e curtos, contribuindo para o desenvolvimento de sua compreensão rítmica.

Nas fotos, 13, 14, 15 e 16, os alunos estão praticando ritmo com instrumentos da bandinha. Eles estão envolvidos em atividades musicais que ajudam a desenvolver coordenação, ritmo e compreensão das nuances musicais, enquanto tocam em conjunto com outros instrumentos da bandinha. Essa prática colaborativa é essencial para o aprendizado musical e promove habilidades de trabalho em equipe entre os alunos.

Na foto 17, Aluno cego aprendendo a tocar flauta. Ele utiliza métodos táteis e auditivos para compreender a posição dos dedos na flauta e aprender as notas musicais.

Foto 18, aluno aprendendo ritmo com as mãos, utilizando gestos e batidas para internalizar padrões rítmicos.

Nas fotos 19 e 20, alunos ao final da aula com a professora Danielle.

  • fonte das figuras: arquivo pessoal da professora Danielle Costa Cavalcante Silva

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