Editorial Ferramentas

EDITORIAL

Audiodescrição Ray Oliveira –
Locução – Lunna Mara

Maria Eduarda da Silva Perez: tenho 15 anos, e estou no nono ano. Desde pequena sempre gostei de escrever, e me sentia diferente das outras crianças, não só pelo fato de ter facilidade na escrita e leitura (como nas matérias gerais), mas por ter uma grande preocupação com a ética e moral. Quando descobri q tinha altas habilidades, tudo acabou se explicando, e eu pude entrar numa jornada de auto conhecimento, e auto cuidado.

PodCast: Editorial
Locução – Lunna Mara

As pessoas observam o brilho das estrelas e as contemplam com seus olhares fascinados, admirando, parecendo algo incompreensível ou apenas algo que não precisa ser compreendido. Mas afinal, o que mais importa: O brilho das estrelas? Ou a estrela em si?

Quem conta as estrelas? Saberiam eles dizer quais as estrelas que se apagam a cada noite? Se tanto as importassem, contariam cada uma, desde as com menos brilho, as mais brilhantes, não importando seu brilho, pois saberiam que cada estrela é uma explosão de vida.

Dentro delas se escondem mundos e riquezas incontáveis, a sua luz externa é apenas o que nossos olhos podem captar. Mas quando as compreendemos, nossos olhos frágeis não se comparam ao que nossa mente pode observar: as estrelas, mais do que são brilhantes, são estrelas! Todas diferentes, mas ainda assim são estrelas.

É claro que, não estamos falando de corpos celestes, estamos falando de alunos, mais especificamente, de alunos superdotados. É claro que a primeira coisa que veio a sua mente, são os alunos prodígios, aqueles que tiram sempre notas altas, os que pegam todas as matérias facilmente, se comportam com excelência e com um vocabulário riquíssimo. Aqueles os quais são os influentes, os destaques, os representantes, os… mais brilhantes.

No entanto, a superdotação não é apenas a medida, algumas vezes, da falha do QI, não são somente as notas altas e a participação na aula. Isso é o que os olhos captam, todavia os superdotados são uma explosão de criatividade e justiça, uma mente neurodivergente com uma alta capacidade de compreensão para as áreas que lhe chamam a atenção.

Um superdotado, às vezes, pode ser aquele aluno quietinho da sala, mas que cria milhões de histórias na sua cabeça. Aquele que nunca tira uma boa nota em matemática, já em ciências ele conseguiria dar uma aula. São alunos extremamente independentes em algumas áreas, porém, em outras, sem apoio, sofreriam muito para dar os primeiros passos.

Os alunos com altas habilidades são extremamente sensíveis a uma nota baixa, a uma briga na escola, às emoções e ao tédio. São alunos que podem ter uma sensibilidade sensorial aguçada aos barulhos, aos cheiros, às luzes e ao toque. São motivados e cheios de energia, a menos que a tarefa demande repetição. Isso desmotiva o aluno que já compreendeu tudo o que foi explicado.

Alguns estão sempre no mundo da lua, desenhando e escrevendo, em meio a explicação do professor, na mesa, no caderno e na mão. Não significa que eles estão nem aí para o que está sendo dito. Às vezes, já compreenderam ou têm suas próprias preocupações criativas urgentes, que não podem esperar. Sua mente a 1000 km por hora os deixam inquietos e sedentos pelo novo.

Algo que me incomoda muito como aluna superdotada é a falta de compreensão e acolhimento. Somos vistos apenas como “super inteligentes” ou “super esquentadinhos”, “super adiantados” ou os “super certinhos” e, por vezes, nós levamos estes títulos errôneos para o coração, sem saber como lidar com essa cobrança desnecessária. Enquanto, na verdade, muitos precisam ser ajudados, na área emocional, social e até educacional.

Pode ser que nós nos sintamos desencaixados entre os nossos pares, as pessoas da nossa idade, sem saber por onde começar uma conversa. Eu me sinto presa num ciclo de conversas superficiais e entediantes, que não me prendem a uma amizade sincera. Prefiro não falar a ser julgada como estranha ou inconveniente. Entretanto, eu me sinto só.

Posso ser muito esquentadinha e sensível, mas não é nada fácil de controlar. Os barulhos sempre foram como corvos gritando em minha cabeça e eu nunca entendi direito o porquê. Eu nunca fui ótima com atividades físicas, parece que eu não tenho muito controle dos movimentos corporais. A injustiça enfurece-me e sempre sinto que tenho que fazer algo. Sou uma estrela contada pelo brilho que tenho, contudo, se eu brilhar menos? Eles ainda lembrariam que estou no céu?

 

“Quem conta as estrelas? Saberiam eles dizer quais as estrelas que se apagam a cada noite? Se tanto as importassem, contariam cada uma, desde as menos as mais brilhantes, não importando seu brilho, pois saberiam que, cada estrela é uma explosão de vida.”

Maria Eduarda da Silva Perez

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