Resenha

O PRIMEIRO DA CLASSE

Audiodescrição: Ray Oliveira
Locução – Lunna Mara

Audiodescrição: Fotografia em ambiente interno. À frente, Bianca, cabelos escuros, acima dos ombros. Veste blusa de frio rosa e estampa com vários loangos pretos. Está sorrindo. Ao fundo e à direita, armários com espelho.

Bianca Resende Monteiro: Pedagoga pela Universidade de Brasília (2022).    Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Formação e Atuação de Professores/Pedagogos (GEPFAPe) vinculado à Universidade de Brasília. Pós-Graduanda em “Coordenação Pedagógica” pelo UniCEUB (Brasília).


 

Tecnologia Assistiva – Podcast da Resenha
Locução – Lunna Mara

  “RESENHA DO FILME “O PRIMEIRO DA CLASSE”

O filme “O primeiro da classe” retrata a história de um jovem (Brad Cohen) que possui a Síndrome de Tourette desde a infância até o final do seu primeiro ano de trabalho. É baseado em uma história real. Iniciamos a caminhada, no filme, na infância do personagem. Brad, desde os seis anos, possui tiques motores e de fala e, por causa deles, sofria bullying na escola, era alvo de risadas e maltratado pelos professores, que achavam que ele fazia de propósito. Como Brad levou anos para conseguir seu diagnóstico, fruto de buscas incessantes de sua mãe, todos – dos professores aos psiquiatras e seu pai – diziam que os sons que emitia eram propositais com vistas a chamar atenção. Em uma cena, o médico inclusive diz para a mãe de Brad que os tiques eram uma fase passageira.

Diversas cenas demonstram como não lidar com crianças com deficiência, nem com qualquer criança típica. Em um determinado momento, uma professora expõe Brad na frente da sala, dando uma bronca pública e chamando suas atitudes de “palhaçada”. Um diretor diz que ele está se autossabotando. Ele sofria com prazos porque o que levava 1h para uma criança típica, para ele levava 2 ou 3h, o que ressalta a necessidade (não cumprida) de respeitar o tempo individual de cada um.

Após alguns anos de luta e invisibilidade, Brad consegue seu diagnóstico: Síndrome de Tourette, uma doença neurológica sem cura que se manifesta na forma de movimentos repetitivos ou sons indesejados, ambos incontroláveis. Sobre o fechamento do diagnóstico, duas coisas chamam muito a atenção: em primeiro lugar, o fato de o personagem continuar chamando sua síndrome de companheira, tanto antes quanto depois de nomeá-la, o que demonstra que ele acolheu a Tourette como parte de sua vida, como algo que o acompanhava, não como um fardo.

Em segundo lugar, o peso que lhe foi retirado ao poder nomear o que estava acontecendo com ele. Por mais que seja importante fugir dos rótulos ao trabalhar com nossos alunos, penso que nomear e compreender o que acontece é essencial para o bom manejo e para a desresponsabilização do sujeito em relação ao que acontece com ele. Por exemplo, foi o diagnóstico que permitiu que seu pai o compreendesse e que propiciou uma das cenas mais marcantes do filme: o diretor de sua escola o chamou no palco, após um concerto em sua escola, e lhe fez diversas perguntas, permitindo que ele explicasse aos presentes sobre sua síndrome e, assim, parasse de sofrer e fosse recebido com uma salva de aplausos. Foi por meio da educação, da conscientização dos que estavam ao seu redor, que ele pôde ter uma melhor convivência e menos na escola.

Tal cena foi o marco para que ele decidisse o que queria para sua vida: queria ser professor. Ao longo do filme, é possível acompanhar a saga do personagem em busca do primeiro emprego. Em diversos momentos é possível perceber que as pessoas próximas não acreditavam que isso seria possível. Em entrevistas de emprego, recebe olhares e questionamentos como: “como as crianças vão reagir?”, “Como você vai manter o controle da sala?”, “Como você vai conseguir? Os alunos vão te destruir!”. É interessante perceber que ele só pôde fazer as entrevistas, porque sabia da lei que impedia que ele fosse discriminado por causa da deficiência, o que ressalta a importância de conhecermos a legislação que nos protege e direciona.

Após muitas recusas, Brad ficou desamparado, só retomando as energias ao ouvir de sua madrasta que o seu dom de ensinar não existe apesar da síndrome, mas por causa dela. Ao receber mais uma oportunidade de entrevista, Brad estava determinado a conseguir o emprego. Ao ser questionado sobre que tipo de professor ele seria, sua resposta deveria ser o lema de todos os professores: “Um que fará o possível para os alunos aprenderem, não importando suas diferenças”. Então, ele consegue o emprego e seus alunos o adoram. É muito interessante observar sua didática. Em primeiro lugar, ao explicar sua síndrome como sendo um espirro, trazendo a Tourette para perto da realidade de quem o escuta. Em uma aula, ele usa o exemplo de uma caminhoneira viajando pelos Estados Unidos para ensinar geografia, posteriormente possibilitando o encontro da turma com essa caminhoneira. Essa aula é marcante porque é um jeito lúdico, relacionado à prática social, de ensinar as capitais. Em outra cena, um aluno marcado como “problema” foge da sala e escreve besteira na parede. Ao encontrar o aluno, ele elogia a ortografia dele, apesar de puni-lo pela travessura. É importante focarmos no que o aluno fez de bom, ao invés de só corrigirmos, não apontar somente os erros, apontar também os acertos. Em um terceiro momento, ele conversa com esse mesmo aluno sobre leitura. Ele o incentiva, gerando curiosidade sobre a história, e reforça que não vai desistir desse aluno, o que também o incentiva a continuar.

O filme termina com Brad ganhando o prêmio de Professor revelação do ano. A cena da premiação é linda, já que seus alunos vão prestigiá-lo e, no meio de seu discurso, ao fazer a pergunta retórica “O que eu poderia aprender com uma deficiência?”, seus alunos levantam a mão para respondê-lo. Ele dá a voz para eles, que descrevem a deficiência como diferença, com limites e possibilidades. Assim sendo, o filme permite ao telespectador conhecer a trajetória de desenvolvimento e acessibilidade escolar e profissional segundo a perspectiva de uma sociedade inclusiva.


FILMOGRAFIA:


Título Front of the Class (Original)
Ano produção 2008
Dirigido por Peter Werner
Estreia
7 de Dezembro de 2008 ( Mundial )
Duração 95 minutos
Classificação 10 – Não recomendado para menores de 10 anos
Gênero
Biografia Drama
Países de Origem
Estados Unidos da América
Elenco James Wolk – Dominic Scoott -Sarah Drew

Similar Posts

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Page Reader Press Enter to Read Page Content Out Loud Press Enter to Pause or Restart Reading Page Content Out Loud Press Enter to Stop Reading Page Content Out Loud Screen Reader Support