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DESENHO UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM

Audiodescrição: Ray Oliveira
Locução – Lunna Mara

Ray Oliveira: Sala de Recursos Generalista da SEEDF. Trabalhou 29 anos na Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal. Especialista em Educação Matemática, Educação Inclusiva e Desenvolvimento Humano, ambas pela UNB. Publicação Desafio Diário de Inovações – 3ª ed.: Faça Você Mesmo – Sala de Recursos, Instituto Brasileiro de Formação de Educadores – Porvir. Pós graduanda em Neuropsicopedagogia e Neurociências.

DESENHO UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM

1.RESUMO

Em primeiro lugar, a intenção deste trabalho é refletir sobre a prática pedagógica, é claro, respeitando à trajetória profissional de cada uma e cada um que se coloca como “aprendente e ensinante”. Romper, ou pelo menos mitigar, paradigmas é, antes de tudo, uma reflexão de que papel assumimos quando nos construímos neste processo como estudante e professor.

Em absoluto, não somos neutros, porque é inerente aos seres humanos discordar, propor, debater, recusar. Individuais que somos, dentro de um universo, com experiências únicas e pontos de vistas pavimentados por trajetórias pessoais e coletivas. Tudo que cerca a existência molda personalidade, desejo e vontade. Ora, discordar e concordar e até se abster é da natureza do homem. Em uma reflexão renascentista e depois iluminista: como seres humanos, somos a medida de todas coisas e duvidamos de todas as coisas. Em outras palavras, somos humanos, pensamos, existimos e discordamos

O segundo ponto, ao qual me dedico neste colóquio, é trazer à baila novas ferramentas conceituais e práticas que navegam pelo desenho universal da aprendizagem , ou simplesmente DUA. E para isso é necessário um compromisso: ao percorrer as letras deste trabalho, vamos participar deste processo e reflexão juntos.

E o terceiro tópico, sem dúvidas, é considerar a hipótese de que as práticas pedagógicas mudam, como o ser humano também muda, aliás como mudam os ventos e os tempos. E por isso deve-se, antes, dar a atenção ao processo ensino aprendizagem para os novos e suas matizes, em seus tons variados.

PALAVRAS CHAVE:  Acessibilidade Plena. Flexibilidade. Inclusão. Aprender. Ensinar.


2. INTRODUÇÃO

2.1 CONCEITO DO DUA: quem sou eu?

Embora o padrão científico seja rigoroso, em razão da proposta deste trabalho, tomei a liberdade de escrever algo mais intimista ao me apresentar. Afinal, estamos discorrendo acerca do Desenho Universal para a Aprendizagem. Então, tenho 58 anos, nasci em Pedro II — PI, conhecida como “Suíça Piauiense”, devido ao seu clima serrano, frio, comparado ao resto do estado. Terra da Opala, encontrada apenas na Austrália e nas minas desta cidade. É, também, muito conhecida por seu potencial turístico em razão das cachoeiras e seu rico artesanato em tecelagem. Minha graduação é Matemática, pelo UNICEUB. Aposentei na Secretaria de Educação em 2020, após 29 anos de trabalho. Atuei em direção de escola e, durante muito tempo, fui professora da sala de recursos generalista, onde aposentei, lugar de transformação pessoal e profissional. Tenho pós-graduação em Educação Inclusiva e Desenvolvimento Humano e Educação Matemática, ambas pela UnB. Atualmente, além, deste curso, estou em duas pós-graduações: neuropsicopedagogia e neurociências. Estudar é, para mim, um grande prazer! É desvendar mundos e pessoas!

Gosto muito de escrever, embora atue na área de exatas. Quando leio: rabisco, destaco, pesquiso significados. Aprendi com meu trabalho como professora lendo, estudando, planejando. Precisava me entender com as letras porque os números já nasceram em mim e escolhi ser professora de matemática. Hoje, me entendo com a escrita de um jeito confortável para as ideias que surgem. Gosto de liberdade para escrever. É sempre assim que começo. Acolho minha desordem. Não sou escritora, apenas aprecio criar, dançar o lápis no papel ou os dedos no som do teclado. A boa música, com sons da natureza e instrumentos, ajudam-me a manter o foco. É bem provável, se não fizer registros, que muita coisa se perca da memória em exposições orais. Sou muito distraída! E, assim, estudo, escrevo e leio o mundo. Acho “humanamente humano” essa mistura de pensamentos, sentimentos, emoções e estilos de aprendizagem. Contudo, um ou outro conversará mais com nosso jeito de ser. Como a informação chega melhor até você? Importante: compartilhar e construir coletivamente na escola são essenciais. Trata-se de ser “SER DUA” em primeiro lugar.

 

Gosto muito de escrever, embora atue na área de exatas. Quando leio: rabisco, destaco, pesquiso significados. Aprendi, como professora, lendo, estudando, planejando. Precisava entender-me com as letras porque os números já nasceram em mim e escolhi ser professora de matemática. Hoje, considero este um grande talento e não sou presa às regras.

Ray Oliveira


2.2 CONCEITO DO DUA: O QUE É O  DESENHO UNIVERSAL  NO ÂMBITO ESCOLAR?

Definir o DUA em poucas palavras ou mesmo enquadrá-lo em um conceito não é tarefa fácil, porém para efeitos didáticos, vamos tomar como medida: desenho universal da aprendizagem é um modelo conceitual que descreve as características essenciais de um currículo efetivo e abrangente1. O objetivo do DUA é proporcionar a todos os discentes, com ou sem necessidades educacionais especiais, oportunidades iguais de aprendizagem, independentemente de suas habilidades, necessidades e competências.

A prática refere-se a mudanças substanciais nos substratos do processo ensino-aprendizagem, equilibrando a balança sob o tabuleiro da equidade. Ora, isso significa que pensar no DUA é, antes de tudo, projetar ambientes de aprendizagem acessíveis e inclusivos para toda comunidade escolar, tomando como parâmetro a singularidade, o caráter específico que percorrer os atos de aprender e ensinar. Em outras palavras, falamos de abordagens pedagógicas flexíveis, adaptáveis que conseguem alcançar todos os alunos, tornando a experiência de aprendizagem plena e absoluta. Com efeito, o modelo é para todos: aprendizes com altas habilidades ou superdotação, crianças com necessidades educacionais especiais, jovens em linha com o padrão esperado, ou seja, a escola é para todos e tempo de aprender é puramente individual.

Corroborando com a ideia de Ron Mace sobre acessibilidade plena, é necessário pensar currículo e aprendizagem plena, também, no sentido de desconstruir e, até mesmo, construir um conceito novo na escola para aprender — sem destaque às diferenças e, tão pouco, subvalorizar o estudante com deficiência — removendo toda e qualquer barreira no currículo e elaborando estratégias que abracem essas diferenças. Entendamos de uma vez por todas que somos sujeitos da diferença. A padronização que ainda caracteriza marcantemente a escola, o ensino e a aprendizagem precisam ser ressignificados. Trata-se de enxergar o sujeito de habilidades e não o sujeito de dificuldades. Encerra-se, desta forma, a supervalorização de diagnósticos. É fundamental, portanto, conhecer o sujeito que aprende. Sobretudo, planejar para alcançar o máximo de diferenças que encontramos em sala de aula.

A padronização que ainda caracteriza marcantemente a escola, o ensino e a aprendizagem precisam ser ressignificados. Trata-se de enxergar o sujeito de habilidades e não o sujeito de dificuldades. Encerra-se, desta forma, a supervalorização de diagnósticos. É fundamental, portanto, conhecer o sujeito que aprende. Sobretudo, planejar para alcançar o máximo de diferenças que encontramos em sala de aula.

Ray Oliveira


1 Informações detalhadas em Gabrilli, Desenho Universal:um conceito para todos. Disponível em https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf>Acesso em 03/10/2022.


2.3 UMA BREVE HISTÓRIA DO DUA

O desenho universal surgiu, inicialmente, na Carolina do Norte – EUA. Precisamente, em 1987, Ron Mace arquiteto americano, usuário de cadeira de rodas e respirador artificial, criou o Universal Design, acreditando na ideia de que tudo que é projetado e utilizado precisa ser acessível a todos os indivíduos, sem distinção. É a acessibilidade plena. A partir daí, junto com outros profissionais da área, estabeleceu os sete princípios do desenho universal. É importante compreender como o termo chegou à educação. Por ser um tema específico, não detalharemos esses princípios, por entender que este é, preferencialmente, um diálogo com o currículo e aprendizagem. Apenas serão mencionados, visto que a educação especial na perspectiva da educação inclusiva: “busca identificar e remover barreiras promovendo a acessibilidade” (Kittel et al. 2022, p. 42) em todos os setores. Estes princípios são: igualitário, adaptável, óbvio, conhecido, seguro, sem esforço, abrangente.

Portanto, a história do DUA começa com o conhecimento de si mesmo e do outro. Aprender e ensinar se misturam o tempo todo e, de forma mútua, atravessam o processo pedagógico inteiramente, mesmo quando não se percebe. Somos e estamos. É assim com professores, assim é com os estudantes.

Já parou para pensar que por uma rampa pode passar qualquer cidadão? Seja ele idoso, cadeirante, deficiente visual, entre outros, sem distinção? É sobre isso que trata o desenho universal para a aprendizagem e também a própria origem do modelo. Ademais, trata-se de acessibilidade de uma forma unificada, sem pensar em diferenças, características físicas, idade ou outras particularidades. Não tem a ver com adequações ou adaptações que atendam apenas um grupo social, com suas especificidades, mas com um propósito universal, projetado para abrigar a todos. A história do DUA diz respeito à definição de projetos ambientais e produtos utilizados por todos, sem diferenciação.

Portanto, a história do DUA começa com o conhecimento de si mesmo e do outro. Aprender e ensinar se misturam o tempo todo e, de forma mútua, atravessam o processo pedagógico inteiramente, mesmo quando não se percebe. Somos e estamos. É assim com professores, assim é com os estudantes.

Ray Oliveira


3. DESENVOLVIMENTO

Os princípios supracitados são adotados mundialmente. No Brasil, por exemplo, Encontra-se referência na LBI – Lei Brasileira da Inclusão (LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015) que define desenho universal, em seu artigo 3º, inciso II, como:

desenho universal: concepção de produtos, ambientes, programas e serviços a serem usados por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou de projeto específico, incluindo os recursos de tecnologia assistiva.

Partindo da acessibilidade arquitetônica para compreendermos como chegamos à aprendizagem, vamos utilizar seu conceito, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), norma 5090, que está no trecho do livro de Jaqueline Lidiane (2017, p.69):

Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia, de espaços, mobiliários, equipamentos urbanos, edificações, transportes, informação e comunicação, inclusive seus sistemas e tecnologias, bem como outros serviços e instalações abertos ao público, de uso público ou privado de uso coletivo, tanto na zona urbana como na rural, por pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida (ABNT, 2025, p. 16).

Outrora, ainda na década de 80, no Centro de Tecnologia Especial Aplicada/CAST, Estados Unidos da América (EUA), fomentou-se o desenvolvimento de estratégias facilitadoras para a aprendizagem de estudantes com deficiência – acesso ao currículo geral. Iniciou-se com a tecnologia como ferramenta “compensatória” e, logo depois, percebeu-se a limitação da abordagem, já que que a lógica de ação era sobre a pessoal, desconsiderando o contexto ensino- aprendizagem e isso trazia resultados negativos, já que continuava a restringir ou limitar o processo de aquisição de novas habilidades. Identificou-se que o currículo ainda precisava de adequações significavas (BÖCK, 2019; BÖCK, GESSER & NUERNBERG, 2020, SEBASTIÁN-HEREDERO, 2022, apud, Kittel et al. 2022, p. 44).

O CAST, citado no parágrafo anterior, reúne educadores, neurocientistas, pesquisadores, profissionais da área de educação e tecnológica, proporcionando uma junção de conhecimentos para aplicar o DUA no planejamento curricular, o que implica entendermos que o trabalho e estudo coletivos são indissociáveis para construção de um projeto-político-pedagógico que seja, de fato, inclusivo. Um planejamento único contemplando a diversidade, todos os perfis presentes na escola. Como uma rampa atendendo todas as necessidades.

Ao longo deste estudo, percebeu-se que as adequações necessitavam atravessar o currículo: adequar para as diferenças e não adequar a diferença. Assim, é preciso colocar o ambiente escolar à prova. Segundo SEBASTIÁN-HEREDERO, 2020, p. 2, apud, Kittel et al. 2022, p. 44 :

… quem está insuficiente: a capacidade de aprendizagem ou a organização do currículo? A aprendizagem tem desafios que são de ordem individual, na área concreta de atuação e para desenvolver protagonismo da/o estudante precisamos “eliminar as barreiras desnecessárias mantendo os desafios necessários.

De modo que a aprendizagem pudesse alcançar a todos, dentro destes princípios universalistas, propostos pelo DUA.


3.1 DE QUE FORMA A INFORMAÇÃO CHEGA ATÉ VOCÊ? QUEM É VOCÊ APRENDENDO?

Veja, inicialmente, começamos este diálogo descortinando quem sou neste universo e como me identifico estudando. Isto é universal. Como a informação chega e como cada uma/um se relaciona com a aprendizagem são indicadores importantes no planejamento. Sebastian (2019, apud, Kittel et al. 2022, p. 14 e 15), sugere algumas questões orientadores na identificação de estilo de aprendizagem. Vamos reconhecê-los? 1

Então a informação pode ser processada:

  1. Auditivo: tem facilidade para conversação e para aprender línguas, facilidade para repetir o que escuta e memoriza sequências ou procedimentos. Pode ter dificuldade em se concentrar se houver ruídos ou sons alheios. Reflete, se expressa e usa a retórica.
  2. Cinestésico ou manipulativo: se expressa muito corporalmente. É bom em tudo o que tenha atividades ou práticas em geral. Prefere escrever e atuar. Se está estudando ou em um processo de aprendizagem, o faz manipulando, experimentando e fazendo. Precisa de uma abordagem funcional e/ou vivencial.
  3. Multimodal: mistura as formas de entrada da informação apresentadas acima. O importante é reconhecê-las.

1 Os referidos indicadores, elaborados pelas autoras formadoras (Costa, Kittel) do Caderno de Estudos: Histórico, princípios e diretrizes do DUA – Estratégias pedagógicas com foco nos princípios do DUA, com base em SEBASTIAN-HEREDERO (2019).


3.2 COMO VC SE RELACIONA EM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM? RECONHECE-SE EM ALGUMAS DELAS?

  1. Competitivo: compete com os colegas para ver quem é melhor. Gosta de chamar a atenção do professor.
  2. Evasivo: pouco interessado e não costuma participar, não se sente motivado diante dos conteúdos.
  3. Colaborativo: quer sempre compartilhar ideias e conhecimentos. Coopera tanto com o professor quanto com os colegas. Sente a aprendizagem como algo interessante e deseja que todos sintam o mesmo.
  4. Dependente: precisa de professores e colegas como apoios, gosta que lhe digam o que deve ser feito e expliquem com detalhes.
  5. Independente: exerce a autonomia, mesmo acolhendo as orientações considera seu pensamento muito mais importante que o dos demais, pois sabe o que quer e como quer aprender.

  3.3 QUEM É VOCÊ DIANTE DAS TAREFAS? COMO AGE?

  1. Ativo: é prático, busca solução para os problemas. Habilidade em abstração e estudos teóricos, costuma mostrar interesses pela tecnologia.
  2. Reflexivo Divergente: quer conhecer e analisar diferentes pontos de vista. Tem uma mente aberta, gosta de ouvir opiniões e reflete antes de tomar decisões. É emocional e criativo, mostrando interesse pelas artes.
  3. Teórico: prefere ler, estudar, e trabalhar de forma individual. Tem mais interesse por ideias/ teorias abstratas do que por pessoas e sentimentos. Não se preocupa com aplicação prática do conhecimento.
  4. Pragmático: Guia-se pela sua intuição, atua e decide sem muita reflexão prévia. É ativo e até impaciente, frequentemente emprega o enfoque de ensaio-erro. Gosta de trabalhar em grupo.

Pensar nas situações apresentadas torna o ambiente de aprendizagem mais justo. Muito mais que igualdade ou equidade, o DUA pressupõe justiça. A partir destas questões, deste reconhecimento das diferenças naturais do ser, consegue-se planejar sem protagonizar “o diferente”, seguindo padrões e destacando dificuldades. Planejar para todos, porque aprender é para TODOS. Pressupõe, criar condições para construir um currículo que, de fato, contemple a diversidade existente no ambiente escolar. O conceito de DUA decorre do Desenho universal da arquitetura, conforme vimos anteriormente, e:

…aliado aos conhecimentos de educação, neurociência, informática, mídias, dentre outras áreas, se propõe a orientar a organização de objetivos de aprendizagem, métodos, estratégias, recursos e formas de avaliação, de modo a contemplar diferentes necessidades, interesses e características de aprendizagem (BÖCK, 2019; BÖCK, GESSER & NUERNBERG, 2020, apud apud Kittel et al. 2022, p. 44).

3.4 OS CAMINHOS PARA UM PLANEJAMENTO DUA

O DUA, segundo PRAIS (2017, p. 72) “consiste em um conjunto de princípios que resultam em estratégias relacionadas ao desenvolvimento de um currículo flexível, que objetiva remover barreiras ao ensino e aprendizagem ” (CAST, 2011, apud Prais). Então, o DUA, traz em seu DNA, um planejamento o mais variável possível e, para contemplar esta variedade, é necessário pensar e planejar coletivamente com metas mais flexíveis, métodos mais diversificados, materiais contemplando habilidades diversas e avaliações que atendam estas habilidades. Assim, é importante a compreensão de que um currículo que atenda a diversidade e proponha um planejamento a partir do que o estudante apresenta de conhecimentos – “sua realidade cognitiva” – e, não de onde imaginamos e, para qualquer professor, seja a situação “ideal”. A princípio, parece complicado. Com o tempo estas ações acontecem naturalmente porque retratará melhor a realidade que temos na escola (Kittel et al. 2022, p. 52). Por isso, mais do que nunca, estudar e planejar coletivamente, integrar conteúdos torna-se essencial. Um conteúdo apresentado de diferentes maneiras proporciona ao estudante a possibilidade de aprender à sua maneira. “Todos os alunos, indistintamente, apreenderão os conceitos trabalhados, porque terão suas especificidades educacionais respeitadas, princípio do conceito de cidadania” (SILVA et al., 2013, p. 12, apud PRAIS, 2017, p. 73).

O Desenho Universal para a Aprendizagem dá condições de orientação na organização dos currículos considerando princípios e diretrizes para a acessibilidade. São eles: engajamento, representação e ação e expressão, reforçando a importância de ser variável e flexível (Kittel et al. 2022, p. 53).

Detalhando, temos:

  • Engajamento: fornecimento de opções para recrutar interesse, para manter o esforço e a persistência, assim como, opções para a autorregulação, de forma que o estudante avalie e acompanhe seu aprendizado;
  • Representação: fornecimento de opções de percepção, opções de linguagem, expressões matemáticas e símbolos, promovendo opções para compreensão;
  • Ação e Expressão: fornecimento de opções para a ação física, alternativas para comunicação e expressão, opções para funções executivas (CAST, 2018, apud Kittel et al. 2022, p. 54).

 

Corroborando com os princípios e diretrizes apresentados anteriormente, estudos da neurociência apontam contribuições significativas para a aprendizagem e práticas pedagógicas (MEYER, et al. 2002-2004, apud PRAIS, 2017, p. 71). Segundo estes autores o funcionamento do cérebro se dá em três áreas: afetiva, reconhecimento e estratégia. (ver figura 2)

Figura 2

O cérebro e a aprendizagem
Fonte: Costa, Kittel, Ferreira e Silva (2022, p. 54)

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Desenho Universal para a Aprendizagem é um encontro de três palavras que, pelos seus princípios e diretrizes, são indissociáveis e interseccionam-se. Cada uma contribui e se constitui, na individualidade e na coletividade, para eliminar barreiras e dar o máximo de condições de aprendizagem para cada estudante, com o entrelaçamento de educação, escola, planejamento, aprendizagem, professor, estudante. Porém, compreendendo que não há como padronizar o ensino se o objetivo maior da escola for GARANTIR AS APRENDIZAGENS DE TODOS. Separadamente, Desenho representa o Projeto-político-pedagógico e o Planejamento; Universal garante equidade de oportunidades com justiça; Aprendizagem, assume seu papel singular, mas ancorada nas redes neurais.3

Não podemos esquecer que o trabalho em rede é essencial. A revista se propõe a fazer isto também. Por esta razão, fazemos um convite ao leitor: aproprie-se do tema e interaja conosco no diálogo acerca do tema apresentado. Na próxima edição, a discussão e o diálogo será um “ensaio” sobre “como fazer DUA NA ESCOLA”. O colóquio continuará partindo das experiências intrínsecas e como elas constroem quem somos como aprendentes, na escola, no mundo, nas relações. E, o quanto investir em formação, estudos e diálogos, amplia a leitura acerca do mundo, acerca da educação. Além disso, faremos uma transposição entre Educação Especial, Educação Especial na Perspectiva inclusiva e DUA. Em que se diferenciam e como se relacionam? Como chegar ao DUA através deste entendimento? Como praticá-lo em sala de aula? Até lá.


3Informações detalhadas em Gabrilli, Desenho Universal: um conceito para todos. Disponível em: https://www.maragabrilli.com.br/wp-content/uploads/2016/01/universal_web-1.pdf>. Acesso em 03/10/2022.


5. REFERÊNCIAS

COSTA, Lauriane Marilía de Lima, KITTEL, Ronsâgela, FERREIRA, Simone de Mamanna, SILVA Solange Cristina. Caderno de Estudos: Histórico, princípios e diretrizes do DUA. Estratégias pedagógicas com foco nos princípios do DUA. Primeira Tertúlia. 1 Edição. RS, 2022. 

COSTA, KITTEL, FERREIRA & SILVA. Caderno de Estudos: Histórico, princípios e diretrizes do DUA. Estratégias pedagógicas com foco nos princípios do DUA .Segunda Tertúlia. RS, 2022. 2ª. Edição.  RS, 2022. 

GABRILLI, Desenho Universal – um conceito para todos: Disponível em ˂https://www.maragabrilli.com.br>Acesso em 03/10/2020.

PRAIS, Jacqueline Lidiane de Souza. Das intenções à formação docente para a inclusão: Contribuições do Desenho Universal para a Aprendizagem. 1ª. Edição. Curitiba, Appris, 2017.


COMO CITAR

OLIVEIRA, Ray. Desenho Universal para Aprendizagem. In: Sala de Recursos Revista. vol.3, n.2, p. 51 -60, jul. – dez. 2022. Disponível em:<http://www.saladerecursos.com.br>.

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8 thoughts on “DESENHO UNIVERSAL PARA APRENDIZAGEM
  1. um conhecimento sem fronteiras DUA, os nossos alunos (a) com deficiência precisam ser mais acolhidos não só no ambiente escolar, como também perante a nossa sociedade.
    Começando com apoio aos pais dessas crianças que são esquecidos(a) nos seus lares com certos limites por causa de uma rotina exausta com seus seus filhos especiais.

  2. todas essas informações e referências serão de muita utilidade para a nossa sala de aula, compartilharei com minhas colegas de trabalho, ricas praticas pedagógicas, ótimas atividades, com recursos usando reutilizando materiais recicláveis.

    1. Informações riquíssimas. Parabéns professoras! É notório que nós professores precisamos estar sempre em formação porquê as metodologias, as estratégias estão em constantes mudançãs. então, necessitamos acompanhar esses avanços.

  3. todas essas informações e referências serão de muita utilidade para a nossa sala de aula, compartilharei com minhas colegas de trabalho, ricas praticas pedagógicas, ótimas atividades, com recursos usando reutilizando materiais recicláveis.

  4. Informações riquíssimas. Parabéns professora! É notório que nós professores precisamos estar sempre em formação porquê as metodologias, as estratégias estão em constantes mudanças. Então, necessitamos acompanhar esses avanços.

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