Tecnologia Assistiva – Podcast do Artigo
Locução – Lunna Mara
Karine Freitas Cardoso: graduada em Pedagogia pela UNIP, especialista em Psicopedagogia, Gestão e Orientação Educacional, Docência em Educação Superior e Metodologias da Matemática. Já atuou como docente em Educação Infantil e Ensino Fundamental durante 13 anos. Atua como Orientadora Educacional da Secretaria de Educação do DF há 3 anos na escola CEF Queima Lençol
RESUMO
Este artigo traz experiências da Orientação Educacional com estudantes com deficiência intelectual, evidenciando a importância do trabalho pedagógico realizado com esses alunos e a eficácia dos atendimentos com as famílias. Tendo assim um novo olhar para as dificuldades que os alunos apresentam ao longo da sua trajetória acadêmica. O trabalho realizado com alunos com dificuldades na aprendizagem deve ser responsabilidade de toda a equipe escolar, para assim promover a inclusão dos alunos que apresentam necessidades especiais. É possível perceber o desafio que o Orientador possui nas escolas públicas,pois a aprendizagem não depende somente das intervenções escolares, mas envolvem as emoções, contextos sociais, culturais, competências e habilidades.
Palavras-chave: Orientação Educacional, Alunos, Deficiência Intelectual, aprendizagem
1.INTRODUÇÃO
A Orientação Educacional tem como o objetivo acompanhar as necessidades pedagógicas e emocionais do aluno dentro do espaço escolar. Sendo um meio para acolher as dificuldades que o estudante encontra na sua trajetória escolar. Segundo LUCK, 2008, a Orientação faz parte da natureza humana e da educação, pois busca contribuir e orientar o desenvolvimento integral dos educandos.
O espaço escolar deve evitar os erros do passado, momento em que as pessoas com alguma necessidade especial eram excluídas da vida social e segregadas em locais que não favoreciam de forma alguma o seu desenvolvimento. A escola é um local que deve promover a inclusão e auxiliar na construção social e emocional do indivíduo, conforme Fávero (2004, p.52) “[…] o direito à educação é um direito humano fundamental que não deve ser subtraído de ninguém, ainda que tenha significativas limitações intelectuais.”
Na atualidade, não há mais espaço para a exclusão. A educação regular é um fator fundamental na transformação das crianças e dos adolescentes com e sem deficiência. Porém é importante lembrar que a inclusão não é só colocar crianças com deficiência ou com necessidades especiais em classes regulares sem suporte. Precisam ser repensadas as estratégias do ensino intencional que viabilizem as aprendizagens e que promovam a superação dos processos que dificultam a inclusão. Nessa perspectiva, concordamos que:
A verdadeira aprendizagem proporciona ao aluno generalizar o processo de tal maneira que a intermediação do professor vai, aos poucos, cedendo lugar a sua própria independência e competência para buscar as explicações adequadas por si mesmo e a construir seu próprio saber. (CAGLIARI, 1998, p. 56).
A educação regular, ministrada na escola, é um processo importante para formação de todas as pessoas. A escolarização tem como objetivo principal fazer com que os alunos aprendam a aprender e saibam como e onde buscar as informações necessárias. O Orientador Educacional pode contribuir com ação educacional na formação dos alunos, mediante atendimentos individuais, observando as suas dificuldades e trabalhando as suas potencialidades junto com as famílias, escola e estudantes.
Apesar de muito se falar na inclusão, ainda hoje são encontradas muitas dificuldades para que pessoas com deficiência sejam aceitas e incluídas de forma adequada. Deve haver um trabalho com toda equipe escolar para criar a independência desses estudantes e reconhecer quais são os avanços que eles têm ao longo do processo escolar.
A verdadeira aprendizagem proporciona ao aluno generalizar o processo de tal maneira que a intermediação do professor vai, aos poucos, cedendo lugar a sua própria independência e competência para buscar as explicações adequadas por si mesmo e a construir seu próprio saber, conforme afirma Cagliari (1998)
Afinal, aprender ou ensinar não é tarefa exclusiva da escola, isto pode ser realizado em situações diárias, visto que ensinar e aprender acompanham o ritmo da sociedade que se encontra em considerável dimensão tecnológica. Estas reflexões devem ser pautadas nos estudos científicos, vivência e questionamento, pois segundo Piletti (2007, p. 27): “[…] hoje, mais do que nunca, é necessário ter uma atitude indagadora perante tudo o que se relaciona com a educação”. Visto que ensinar e aprender acompanham o ritmo da sociedade que se encontra em considerável dimensão tecnológica, mas não podemos esquecer que por mais que a tecnologia avance, as mudanças se processem, os nossos sentimentos, emoções e necessidade de pertencimento continuam as mesmas. Estas reflexões devem ser pautadas nos estudos científicos, vivência e questionamento, pois segundo Piletti (2007, p. 27): “hoje, mais do que nunca, é necessário ter uma atitude indagadora perante tudo o que se relaciona com a educação.”
Dito isso, é importante ressaltar que o professor é o indivíduo que encaminha os educandos a um espaço de vivência, no qual se proporciona meios para que a aprendizagem seja difundida de forma prazerosa e eficaz. O ambiente social em que o educando está inserido faz parte concreta de seu aprendizado. Sobre o assunto, Gadotti (1999, p.30) afirma que:
De modo concreto, não podemos pensar que a construção do conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da atividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O papel do professor consiste em agir como intermediário entre os conteúdos da aprendizagem e a atividade construtiva para assimilação.
Muitos alunos com Deficiência Intelectual apresentam dificuldades na escrita e na leitura. Nesse contexto, sempre é bom lembrar que a escola deve saber que a alfabetização é um processo de construção do aluno, que a criança, a partir de suas hipóteses, vai construindo sua aprendizagem, que o aluno interagindo com o meio vai se tornando mais crítico e autônomo. E cada aluno tem seu próprio ritmo e conhecimento de mundo. Nesse contexto, se torna crucial que os educadores respeitem o tempo de cada estudante.
Cabe aos orientadores criar, descobrir e propor novas formas viáveis e efetivas, de eliminação do fracasso escolar, tanto no nível de variáveis intra-escolares, que às vezes o mantém, como no de variáveis extraclasses, que não encontram meios de suprimi-lo. (GRINSPUN, 2006, p.86)
2. A TRABALHO DO ORIENTADOR
O Orientador Educacional – OE – pode ser um mobilizador para trabalhar a inclusão na escola, pois ele tem contato com os alunos, professores e famílias. E uma das atribuições do OE é proporcionar uma escola de qualidade e sem preconceitos aos educandos. E, segundo Giacaglia (2006), há uma ligação entre família e escola, viabilizando sempre uma comunicação efetiva, respeitando as crenças e valores de cada família, obtendo o bem-estar, o desenvolvimento e a formação do educando, respeitando as suas diferenças. Nesse sentido,
Ao planejar o trabalho na Área de Orientação Familiar é necessário um conjunto amplo de informações para caracterizar as famílias, seus valores e suas expectativas. O conhecimento da família, são essenciais para a busca de uma unidade de princípios e de atuação entre ambas as instituições. (GIACAGLIA, 2006, p. 63)
A atuação do Orientador não está ligada somente às aprendizagens de conteúdos escolares, mas também nos aspectos emocionais dos alunos, e é nítido que aquele aluno com algum déficit precisa, também, do acompanhamento. Inclusive os alunos com deficiência intelectual, os quais necessitam de uma adequação curricular e de um acompanhamento na sua adaptação escolar. Orientação Educacional tem o papel de acolher esses alunos e promover a inclusão deles, bem como garantir que sejam atendidos na sala de recursos juntamente com toda a equipe escolar. Isso em razão da singularidade da apropriação do conhecimento pela criança com deficiência intelectual no contexto da educação
é importante conhecer o modo como ela se desenvolve. Não importa a deficiência e a insuficiência em si mesmas (ou o defeito), mas a reação de sua personalidade em desenvolvimento no enfrentamento das dificuldades decorrentes da deficiência. (VIGOTSKI, 1997, p. 104)
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por fim, é possível realizar um trabalho com alunos com Deficiência Intelectual através de um acompanhamento personalizado e promover as aprendizagens na vida destes estudantes, atendendo às suas dificuldades e reconhecendo suas potencialidades. Mas, é necessário o empenho da escola para conhecer e identificar as necessidades destes discentes e, ao mesmo tempo, criar estratégias de ensino aprendizagem efetivas segundo um trabalho colaborativo entre o orientador(a) educacional, família, comunidade escolar, sala de recursos e sala de aula comum.
4. REFERÊNCIAS
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem ba – be – bi – bo – bu. São Paulo: Scipione, 1998.
GADOTTI, Moacir. Gestão Democrática e Qualidade de Ensino. 1º Fórum Nacional Desafio da Qualidade Total no Ensino Público. Belo Horizonte, julho de 1999.
GIACAGLIA, Lia Renata Angelini; PENTEADO, Wilma Millan Alves. Orientação educacional na prática: princípios, técnicas, instrumentos. [S.l: s.n.], 2006.
LÜCK, Heloísa. Planejamento em orientação educacional. ed. 17, Petrópolis: Vozes, 2008.
FÁVERO, Eugênia Augusta Gonzaga. Direitos das Pessoas com Deficiência: Garantia de Igualdade na Diversidade . Rio de Janeiro: WVA, 2004.
GRINSPUN, Mírian Paura Sabrosa Zippin. A Orientação Educacional: Conflitos de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo. Editora Cortez, 2006.
PILLETI, Nelson. Psicologia da Educação. ed. 17, São Paulo: Ed. Ática, 2004.
VIGOTSKI, Lev Semionovitch. Obras completas. Fundamentos de defectologia Tomo V. Madrid: Visor, 1997
COMO CITAR
CARDOSO, Karine de Freitas de Paiva, Atuação do Orientador Educacional nas Aprendizagens de Alunos com Deficiência Intelectual In: Revista Sala de Recursos, vol.3, n.1, p., jan. – jun. 2022. Disponível em:<http://www.saladerecursos.com.br>.