Relato de Vida

UM BREVE RELATO DE VIDA: ISIS GONÇALVES

Sou Ísis Gonçalves: uma pedagoga com 17 anos de experiência como professora. Nos últimos 3 anos, tenho trabalhado na SEEDF (Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal) como contratada temporária no Programa de Educação Precoce em Sobradinho, Brasília, DF. Além da minha dedicação profissional, sou também mãe da Isabela Xavier, uma adorável garotinha que tem síndrome de Down, também conhecida como Trissomia do 21 (T-21). Essa experiência pessoal tem me proporcionado um olhar ainda mais sensível e dedicado à educação inclusiva, bem como um profundo entendimento das necessidades e potenciais das crianças com essa condição genética. Sinto-me honrada em contribuir para o desenvolvimento e aprendizado de todos os alunos, com o objetivo de criar um ambiente educacional acolhedor e inclusivo para cada um deles.

A Bela foi um presente de Deus, chegou transformando nossa família. A notícia da T21 veio quando a Bela já estava com dois meses de vida e ninguém esperava ter um filho

“Faz-se necessário que toda a comunidade escolar esteja empenhada em estudar, conhecer as diversas deficiências e acreditar que é possível uma mudança na sociedade, de ver que todos somos diferentes, cada um com sua especificidade”.
Isis Gonçalves Xavier Ferreira
Mãe da Isabela


Olá, meu nome é Isis Gonçalves, sou casada com o Dorgival Junior há 24 anos e temos três filhos: Felipe, Tiago e Isabela. Sou pedagoga, professora e sonho com a melhoria de vida das pessoas com deficiência.

Sou uma mulher alegre, sensível, forte, temente a Deus e que sonha com muitas coisas boas, entre elas a verdadeira inclusão. Sou uma pessoa em constante movimento, trabalho, estudo, participo das atividades escolares dos filhos, sou esposa, dona de casa e mãe atípica. Minha filha Isabela tem a T21 (síndrome de Down).

Ser mãe sempre foi um sonho e logo que casei, veio o Felipe. Anos depois, vieram o Tiago e a Isabela. A Bela foi um presente de Deus, chegou transformando nossa família. A notícia da T21 veio quando a Bela já estava com dois meses de vida e ninguém esperava ter um filho.

No início, foi muito exaustivo. Meu esposo trabalhava o dia todo, eu trabalhava meio período e minha mãe estava recém-aposentada, então conseguimos estar mais livres para a rotina de terapias, que foi desgastante para Bela e para nós.

Como professora, sempre vislumbrei grandes conquistas no processo de ensino e aprendizagem em sala de aula e o que foi ofertado nas salas de recursos fez a diferença na vida da Isabela. Foram feitas atividades adaptadas e adequadas para o desenvolvimento de que ela necessitava naquele momento para seu crescimento pessoal e emocional.

Ainda precisamos avançar na inclusão, vejo que temos muitos profissionais que não sabem lidar com as diferenças, lidam com os alunos mediante o diagnóstico, incapacitam e impossibilitam a criança, sem olhar suas infinitas possibilidades de crescimento e avanços diários.

Faz-se necessário que toda a comunidade escolar esteja empenhada em estudar, conhecer as diversas deficiências e acreditar que é possível uma mudança na sociedade, de ver que todos somos diferentes, cada um com sua especificidade. Faz-se necessário também um olhar diferenciado do governo para implantar políticas públicas de assistência à saúde e à educação, médicos pesquisadores, uma equipe transdisciplinar para dar apoio emocional aos familiares, informações condizentes desde a educação precoce, que é difícil de todos conseguirem, e que necessita de ser ampliada, ao longo da vida dessa criança, jovem e/ou adulto. Vale ressaltar que a formação continuada, professor qualificado e comprometido, faz toda diferença na vida das crianças e suas famílias.

Hoje Isabela está com oito anos, continua com terapias, psicopedagoga, é independente e já faz suas escolhas. Sonho com uma verdadeira inclusão para que ela possa ter a liberdade de ir e vir sem sofrer preconceitos. Almejo que ela encontre pela vida pessoas e profissionais que possam lhe dizer palavras positivas, de encorajamento e que reforcem o quanto ela é capaz de realizar seus sonhos.

Ter um filho com deficiência, para mim, é como se eu tivesse programado uma mudança para o Brasil e o avião tivesse pousado na China, por exemplo. Tudo diferente! É preciso estudar, adaptar, persistir e aprender o novo com persistência e sabedoria para dar certo no futuro.


Nota: Fotos sob direitos autorais – proibida a reprodução sem prévia autorização

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