Ideias

CONVERSA COM DERRIDA


 

Tecnologia Assistiva – Podcast do Artigo
Locução – Lunna Mara

 


Conversando um pouco sobre o Derrida e sua obra: “A universidade sem condição”.

Professora Edilene Francisco de Carvalho1

Esse escrito se propõe a pontuar dados relevantes sobre o livro escrito por Jacques Derrida intitulado “A universidade sem condição”. O livro principia o pensar sobre a “profissão de fé ao saber”, que carece de ser atribuída aos professores universitários na ressignificação, desconstrução e inclusão de um novo olhar sobre as Humanidades (disciplinas de humanas). Enfatiza as disciplinas de humanas, suas potencialidades, que  consistem  de  forma performativa (se produz algo) ou constatativa (se sugere a possibilidade de produção), suas proposições sobre o ato de trabalhar e assim corrobora conceitos como profissão, confissão, lugar, essência, soberania, saber e ofício. Ratifica a participação dos diferentes atores e os seus ofícios no espaço universitário, principalmente o fazer docente, sendo exemplificado, com intuito de proporcionar uma ponderação sobre ser professor em uma Universidade. 

Faz-se inevitável a reflexão sobre a posição de resistência e dissidência que esse espaço público e social “Universidade” tende a adequar as humanidades, sendo o campo do conhecimento acadêmico de reelaboração constante a razão da desconstrução do processo de ensino e aprendizagem.

Esclarece e argumenta sobre as Humanidades como ciências e o âmbito das faculdades como espaço de autonomia a respeito das falas, dos saberes, das formas de pensamento, sobre as obras alcançadas nos escritos acadêmicos e, principalmente, as possibilidades futuras realizadas nas aulas e atividades nas disciplinas de humanas.

Vislumbra a questão do ciberespaço nas mutações que afetam o contexto do trabalho desde a sua essência como significado e significante e o poder dessa globalização no processo de “desconstrução Universitária”.

Corrobora claramente com a questão do trabalho virtual como algo fora do espaço de trabalho físico, do teletrabalho, globalização e dessa forma perambula pelos benefícios e malefícios da virtualidade. No desenrolar dos capítulos, coloca em evidência o termo trabalho como um conceito que evidencia atividade atual, real, efetiva e própria de um acontecimento. Induz à reflexão do trabalho e sua origem, sobre a forma de olhar do trabalho a partir do pecado original, do hoje e do amanhã, da coexistência entre o trabalho e o mundo. Conclui-se livro, nomeando e conceituando as sete profissões de fé que as Humanidades deveriam estudar:

1- História do homem (Declarações dos Direitos do Homem e o conceito de crime contra a humanidade);
2- Da história da democracia e da ideia de soberania (indivisível, paridade e desconstrução);
3- História do professar, da profissão e do professorado (premissas ou pressuposições);
4- Da história da literatura (conceito, ficção e força performativa);
5- Da história da profissão, da profissão de fé, da profissionalização e do professorado (obras singulares e estratégias que afetam);
6- História da distinção entre atos performativos e constatativos (reflexiva, crítica e desconstrutiva);
7- Universidades nas humanidades: ao saber, a profissão ou profissão de fé e a operação.
Acontecimento, respeito à desconstrução, quiçá, a força atribuída a experiência do talvez, negociar e organizar sua resistência são conceitos evidenciados neste escrito.

CONTRIBUIÇÕES ENRIQUECEDORAS E QUE ESTIMULAM A PESQUISA ATRIBUÍDAS NESTE LIVRO:          

  • Enumera possibilidades em se entender “como se” no trabalho por meio dos estudos apresentados por Kant (1724-1804) sobre leis empíricas, “uma espécie de fermento desconstrutivo”. Relaciona  o  trabalho, o  ofício  e  as classes sociais onde nomeia  como  grupos  sócio  trabalho  e  apresenta a importância das Universidades; Humanidades e principalmente da Filosofia na desconstrução que há de por vir citando Kant.
  • Cita e exemplifica de maneira eficaz e proposital a ressignificação do estudo proposto por Austin como uma mudança singular no campo acadêmico.
  • Menciona com grandeza de palavras o livro: O fim do trabalho de Rifkin que trata da terceira revolução industrial e alguns pontos principais a serem afirmados como, por exemplo, a categoria do saber que se evidencia com os docentes em particular nas Humanidades. Proporciona um pequeno passeio sobre Jacques Le Goff, o tempo de trabalho como o conceito de hora, de como o humanista tem em vista a teologia do trabalho, do tempo de relógio, do tempo acadêmico.

Portanto, recomendamos a leitura da obra, pois ela amplia nossa postura acerca da universidade na conjuntura  do mundo globalizado do século XXI. 

“PROFISSÃO DE FÉ AO SABER”                                                                                                        Jacques Derrida

REFERÊNCIA

DERRIDA, Jacques. A universidade sem condição. Tradução por Evandro Nascimento. São Paulo:  Estação Liberdade,  2003.


1Edilene Francisco de Carvalho: Pedagoga, Especialista em Educação para e em Direitos Humanos e Mestranda Educação Profissional/UnB Professora/SEEDF há 23 anos. Experiência na área de Educação em Alfabetização Infantil e de Adultos, Coordenação e Gestão Escolar, Educação Especial com visão Inclusiva em Sala de Recursos Generalista e na Educação Especial no Centro de Ensino Especial na área de Educação Ambiental e Deficiência Intelectual. Consultora, formadora e parte do Comitê Editorial da revista: Sala de Recursos Revista. Experiência como Coordenadora Local no Programa DF Alfabetizado, Tutora Educação a Distância nos Cursos de Pedagogia e Educação Física (UNB), Tutor/Cursista Presencial no Curso Escola da Terra destinado a Docente das Escolas do Campo. (UNB/ MEC/SEEDF) e Mediadora do Curso Justiça e Práticas Restaurativas ENS-UnB -.

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