Tecnologia Assistiva – Podcast do Artigo
Voz – Lunna Mara
Ray Oliveira
Vivemos em uma época na qual não faz sentido olhar para o que falta nas pessoas, partindo de um pressuposto equivocado que o ser humano precisa ser “inserido em uma modelo padrão” para tornar-se “semelhante” outro. É possível estabelecer essa “igualdade genérica”? Ou podemos enxergar nos outros possibilidades de crescimento e aprendizagem com as diferenças,
considerando que todos têm suas marcas, seus traços, sua história? As pessoas constituem-se fisicamente, emocionalmente, biologicamente, a partir de um contexto diferenciado que gera a vida. E essas diferenças não trazem a marca da condição social, econômica ou acadêmica. Para existirmos neste mundo, muitas histórias e vidas se entrelaçaram e participaram dessa criação. A árvore genealógica mostra que 11 gerações, 4094 pessoas e cerca de 300 anos foram necessários para gerar uma única vida. É surpreendente pensarmos em nossa existência, desde a concepção de todos os ancestrais que constituíram cada ser individualmente. Somos, assim, a soma de muitas pessoas, histórias, gerações. Muitas tragédias e dificuldades envolveram cada existência, mas também muito amor, alegrias e histórias de sucesso passaram por uma única vida. Então, somos um sistema conectado na existência um do outro. Quando negamos um, arriscamos negar gerações que contribuíram para a existência do Planeta.
Precisamos, então, olhar com gratidão e amorosidade cada pessoa que está ao nosso redor, desafiando e ensinando-nos, diariamente, a sermos melhores. Olhar para o outro é, primordialmente, olhar para nossa vida e entender que algumas diferenças nos marcam, mas, antes de tudo, podem nos aproximar.
Por ser assim a vida, cabe-nos reconhecer que ninguém é um ser isolado nesse universo. Criamos e somos criados por conexões. Falar sobre inclusão e o dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência é também, enxergar nossas histórias conectadas com outras e, muitas delas, formam a cadeia de nossa existência. Ter impedimentos físico, intelectual ou sensorial não nos torna diferentes. São apenas características que estão no registro de nossa existência, nossa marca, nossa identidade. É parte de um indivíduo e não uma situação limitante e impedidora de sucesso e felicidade.
No dia 21 de setembro é comemorado o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, data instituída pela Lei nº 11.133, de 14 de julho de 2005.
POR QUE ESSA DATA?
É a proximidade com a Primavera. Data que representa a renovação, o renascimento. “Floresser”, desabrochar, surgir, “nasSer”. Momento de despertar vidas. É uma data que nos convida a refletir sobre nossas ações e sobre a vida de pessoas que ficaram “à margem” por muito tempo ao longo da história. Pessoas excluídas e desqualificadas que precisaram de movimentos e ações que as colocassem em seu lugar, de direito e de fato, provando seu valor, possibilidades e condições de fazer e realizar tudo que desejarem, a partir de seus talentos e habilidades.
DIREITOS? GARANTIDOS, CONSTITUCIONALMENTE.
A constituição de 1988 já dispõe sobre a responsabilidade do poder público. Criminalizar o preconceito é uma ação de reconhecimento à vida, seja ela quem for. É dizer NÃO a qualquer ação ou palavra discriminatória. É facilitar e dar condições de uma vida digna e gloriosa para todos.
Por isso:
Dia 21 é dia de nascer, dia de crescer, dia de consolidar vidas importantes e que podem contribuir para que a convivência na Terra seja mais pacífica, menos desigual, mais respeitosa e acolhedora.
Dia 21 é trilhar o caminho de pessoas e reconhecer a importância e impactos positivos diante do desafio de SER, apesar de. É o reconhecimento do sucesso de gente que saltou o muro do preconceito e deixou sua marca. Existência de pessoas que deixaram registros de conquistas em meio à adversidade.
VEJAMOS:
Stephen Hawking foi um físico e cosmólogo, comprometido com a ciência e reconhecido internacionalmente. Um dos mais renomados cientistas do século. O que prevaleceu? Sua limitação ou seu sucesso?
Maria da Penha, sua força e sua luta ressignificou o papel das mulheres, permitindo voz e vez em defesa da liberdade e respeito. Deu seu nome à Lei que pune a violência doméstica no Brasil. O que prevaleceu? Sua limitação ou seu Nome, sua FORÇA E SUA VOZ?
Alexandre Abade, cidadão brasiliense. Professor e palestrante. Com previsão médica para viver apenas 12 anos, habitou o mundo do sucesso por 41 anos. Percorreu lugares para contar sua trajetória de sucesso e não sua limitação: “Não me vejo incapaz, sei que sou diferente, mas com as minhas diferenças, faço a diferença“, disse certa vez.
O QUE PREVALECEU? SUA LIMITAÇÃO OU SUA REALIZAÇÃO?
Quem pode “floresSER”?
Quem pode desabrochar?
Sejamos humanos: na humanidade que entende limitações, mas, sobretudo, na humanidade pacífica que agrega respeito às diferenças.
“FloresSER”? Sim. Desconstruir preconceitos e romper paradigmas. Incluir é, antes de tudo, ler no outro toda a beleza que abre-se na primavera.
Inclua…
Dia 21 de Setembro é um marco na vida de quem é deficiente, porque a Lei silencia o preconceito e cria condições de igualdade onde a desigualdade insiste em separar e tornar distantes talentos escondidos. A ignorância cria obstáculos que cegam.
Não deixe a primavera chegar para “FloresSER” !
Dia 21 pode ser todos os dias…
Solidariedade humana!